Heleno de Freitas o melhor jogador da época 1940

Reconhecemos o lendário jogador de futebol Heleno de Freitas como o precursor dos “craques-problema” no Brasil, e ele se destacou como centroavante. Confira mais na Unibet.

Um homem de aparência impecável, porém desafiador de se lidar; assim era Heleno o atleta que vivia intensamente na boemia. Assim com uma trajetória de treze anos no cenário do futebol, ele deixou seu legado como um dos melhores jogadores da história do continente sul-americano.

Estilo de Jogo

Irrequieto e combativo, Heleno, com sua altura de 1,82 metros, mostrava-se um talentoso centroavante. Assim a carreira de Heleno teve início como meio-campista. Geninho, ex-companheiro de Botafogo, descreveu o estilo de jogo de Heleno: A busca pela bola por parte de Heleno ultrapassava o meio-campo, e ele permanecia sempre pronto para recebê-la.

Assim sabia distribuir muito bem. Chutava com destreza, mesmo virado de costas para o gol. Durante os anos 40, não consigo recordar ninguém jogando esse tipo específico de jogo.

O futebol ao sol e à sombra

Assim o Eduardo Galeano descreveu um famoso gol de Heleno no livro “O futebol ao sol e à sombra”, ocorrido em 1947 em um confronto entre Botafogo e Flamengo: O arco tinha as costas viradas para Heleno. Lá de cima chegou a bola. Sem deixá-la cair, ele a parou com o peito e se voltou. À frente da situação, com o corpo arqueado e a bola no peito.

Além disso havia uma multidão posicionada entre o gol e ele. Dentro da região do Flamengo, havia mais indivíduos comparados a toda a extensão territorial brasileira. Eu estaria perdido se não tivesse pego a bola. Assim que iniciou seu trajeto andando levemente curvado para trás, Heleno cruzou serenamente as linhas do adversário segurando a bola em seu peito. Ela não poderia ser retirada sem causar um problema, e estavam no limite da segurança. Quando ele chegou às portas do gol, Heleno endireitou o corpo. Deslizando até seus pés, estava a bola. E ele arrematou.”

Assim devido à sua personalidade volátil, Heleno frequentemente enfrentava situações em que era convidado a sair ou se envolvia em conflitos com os membros de sua equipe. O nome “Gilda” foi atribuído a Heleno de Freitas tanto pelos membros do Clube dos Cafajestes quanto pela torcida fanática pelo Fluminense. Essa denominação se deve ao comportamento único dele, semelhante ao da personagem Gilda protagonizada pela renomada atriz norte-americana Rita Hayworth em um famoso filme que carrega esse mesmo título.

Carreira

Auge no Botafogo

Assim no ano de 1940, ele retornou ao Botafogo com uma grande responsabilidade: substituir o ícone Carvalho Leite (goleador durante as quatro conquistas seguidas do campeonato estadual, entre as temporadas de 1932 e 1935). E ele correspondeu às expectativas da torcida.

O maior ídolo alvinegro antes de Garrincha foi Heleno. Apesar disso, ele só conseguiu conquistar alguns torneios com o clube. Durante seu tempo no Botafogo, ele marcou incríveis 233 gols em apenas 233 jogos, tornando-se assim o quarto melhor atacante na história do time.

Boca Juniors

Assim o ano de 1948 foi marcado pela transferência para o Boca Juniors, e a venda ocorreu por um valor impressionante: 600 mil cruzeiros. Além disso a passagem de Heleno como correspondente esportivo do jornal Diario Carioca na Argentina não foi bem-sucedida no Club Atlético Boca Juniors. Entre as equipes participantes do Campeonato Argentino de Futebol estava o Boca Juniors, que terminou na posição número oito. Durante a competição, eles conseguiram marcar treze gols nos dezessete jogos disputados.

Vasco da Gama

Ao retornar ao Brasil, foi contratado pelo Vasco da Gama por um valor de 100 mil pesos. No clube carioca, teve a honra de participar do memorável time conhecido como Expresso da Vitória e conquistar o campeonato estadual em 1949. No ano de 1950, especificamente em março, Heleno deixou o treino do Vasco da Gama porque acreditava estar sendo sabotado pelos seus colegas. Heleno foi repreendido e acabou discutindo com o técnico Flavio Costa, sendo impedido pelos seus colegas de continuarem a briga. O motivo do afastamento de Heleno foram suas atitudes indisciplinadas, resultando na oferta do seu passe por 300 mil cruzeiros.

Junior de Barranquilla

O Atlético Junior de Barranquilla (da Liga Pirata da Colômbia) assegurou seu passe através do empréstimo, tudo isso no dia 13 de março de 1950.

Assim a sua passagem pela Colômbia resultou em grande admiração por parte de Gabriel Garcia Márquez. Além disso o Segundo as palavras do escritor Gabriel García Márquez, Heleno possuía todas as características necessárias para se tornar um brilhante romancista no gênero policial. Ele elogiou sua capacidade analítica impressionante, o modo tranquilo como conduzia suas investigações e a rapidez dos resultados obtidos em suas histórias.

Seleção Brasileira

Assim durante o Campeonato Sul-Americano de Futebol em 1945, foi formado um famoso quinteto ofensivo composto por Zizinho, Jair da Rosa Pinto, Tesourinha e Ademir de Menezes. Este time é considerado por Obdulio Varela como o melhor na história das seleções nacionais. No total do torneio, ele marcou sete vezes, sendo assim o principal goleador; além disso, realizou três assistências durante os seis jogos que disputou no campeonato sul-americano. O atleta brasileiro foi quem mais contribuiu com gols no torneio.

Ao deixar o Botafogo em 1948, Heleno anunciou sua aposentadoria e afirmou que não pretendia participar da Copa do Mundo de 1950. Porém, ele acabaria voltando para jogar no Vasco, comandado por Flávio Costa.

Maracanaço

Não houve a presença de Heleno na Copa do Mundo realizada em 1950. De acordo com certas fontes, foi alegado que a FIFA proibiu sua convocação porque ele estava jogando na liga colombiana, uma competição não oficial aos olhos da entidade. Há aqueles que colocam a culpa da falta nos atos contínuos de indisciplina.

Assim com apenas três meses restantes antes do início da Copa do Mundo, o Vasco começou a tentar vender Heleno depois de ele ter se envolvido em uma briga quase física com Flavio Costa – este último sendo também técnico nacional.

No dia seguinte à histórica vitória no Maracanã, a imprensa brasileira divulgou que o Atlético Junior de Barranquilla puniu o jogador Heleno por não ter seguido as regras.

Durante o mês de julho em 1950, uma entrevista dada por Heleno para um jornal da Colômbia gerou grande repercussão no Brasil. Heleno responsabilizou o técnico Flávio Costa pelo desastre do Maracanã e afirmou que com ele seria diferente: “Se estivesse à frente do ataque, o Brasil sairia vitorioso dessa competição global. ou familiarizado com as artimanhas dos uruguaios; Obdulio Varela nunca conseguiria fazer comigo sequer a metade do que fez em relação ao nosso ataque. A razão pela qual perdemos foi a incompetência do técnico, cujas decisões resultaram em uma seleção completamente desmotivada e sem iniciativa. Castrações físicas e psicológicas causaram a fraqueza e o medo desse bando!”

Heleno 1951 se apresentou no vasco da Gama

Ao iniciar o ano de 1951, Heleno voltou a se apresentar no Vasco da Gama. Depois de deixar o treino, Flávio Costa foi ter uma conversa com Heleno para esclarecer as suas afirmações. Apesar de ter negado a entrevista, o jogador não conseguiu enganar o técnico. Os dois protagonizaram uma discussão pública no portão de São Januário. Apesar de ter sacado uma arma, Heleno foi rapidamente desarmado pelo seu próprio técnico. No dia seguinte, Flávio Costa declarou: “Fui forçado a dar uma lição em Heleno, infelizmente. Ele me insultou publicamente com suas declarações e, nesse momento, aqueles que deveriam ter reparado a situação falharam em fazê-lo. Caso se apresentasse uma nova oportunidade, teria de repetir o que mencionei anteriormente acerca da minha reputação no trabalho. Ele não repetiu e foi castigado. A arma que tens não causa receio em mim. A lição está dada.

Conclusão

Na conclusão dessa trajetória tumultuada e intensa, percebemos que a carreira de Heleno de Freitas foi marcada por momentos de brilhantismo nos gramados, mas também por desafios e polêmicas fora deles. Sua passagem por clubes brasileiros renomados como Botafogo e Vasco da Gama destacou seu talento como atacante, contribuindo para conquistas importantes.

Contudo, as controvérsias e seu temperamento volátil muitas vezes o levaram a situações difíceis, culminando em conflitos com colegas de equipe e técnicos. A recusa em participar da Copa do Mundo de 1950, somada às suas críticas públicas ao técnico Flávio Costa, evidenciam as complexidades de sua personalidade.

A incursão pela liga colombiana e as alegações sobre a proibição da FIFA para sua convocação revelam aspectos burocráticos que impactaram sua participação em eventos internacionais. A entrevista controversa na Colômbia, onde Heleno responsabilizou o técnico pelas falhas no Mundial, adicionou mais um capítulo às polêmicas que cercavam sua vida.

Em resumo, a carreira de Heleno de Freitas é um fascinante mosaico de triunfos esportivos e desafios pessoais. Seu legado permanece como uma narrativa rica e multifacetada no universo do futebol brasileiro, lembrando-nos de que por trás da genialidade nos campos, também há aspectos humanos e complexos que moldam a trajetória de um atleta.